Thursday

compra moça, é pra ajudar!

este mês a Gucci abriu uma super loja na 725 Fifth Avenue e pra comemorar criou uma bolsa exclusiva que declara o seu amor por Nova York, a primeira cidade onde Guccio Gucci (adoro a imaginação dos italianos pra escolher nome!) abriu loja, em 1953. quem desembolsar entre 320 e 770 doláres pelo mimo, que vai depender do tamanho da bolsa, estará contribuindo para a associação que mantém os playgrounds do Central Park. a Gucci vai doar integralmente a renda das bolsas que vêm assinadas com o logo vintage da marca.

uma das coisas que me chamou a atenção nesta mudança Paris-NY foi a frequência das lojas de luxo. a Gucci, por exemplo, está sempre cheia, coisa que eu nunca vi em Paris... e com todas as outras marcas é assim. no final do ano então, estas lojas estavam intransitáveis em Nova York, mas na Avenue Montaigne ou na Fbg St Honoré, onde se concentram as lojas mais caras do planeta, está tudo sempre vazio: um cliente ou outro bisbilhotando, alguém em frente da vitrine, vendedores se ocupando do nada... só a Louis Vuitton, na Champs Elysées, está sempre com gente transbordando. talvez o luxo ostensivo destas lojas combinado à empáfia parisiense intimide os turistas, coisa que não acontece na Fifth Avenue. sorte dos americanos que assim vendem e lucram mais!

Tuesday

acredite se quiser

é o que eu não canso de repetir: tem coisas que só a América pode proporcionar pra você!

não pense em góticos nem na Família Adams, o restaurante Suicide Bridge, no coração de Maryland, é totalmente familiar! claaaaaaro que uma Mortícia ou outra vai estar numa das mesas degustando algum prato de frutos do mar, a especialidade da casa, mas não é o grosso da frequência. aos domingos, Suicide Bridge serve o seu tradicional brunch até às 14h30 com omeletes, waffles, peixe defumado e bagles. e bacon, muiiiiiiiiiito bacon porque americano funciona à base de gordura!

se você estiver programando um passeio pelo Choptank River não deixe de passar por lá pra me contar se a lenda de que a ponte "chama" suicidas confere. em caso afirmativo eu dispenso o souvenir.

Monday

Oscar pra europeu levar pra casa

assistir ao Oscar nos States é bem diferente, pra começo não dá sono, HAHAHAHAHA! quer dizer, não dá aquele sooooooooooono como dá no Brasil porque começa às 8 da noite, mas sono sempre dá, né? qualquer premiação é chata, não tem jeito, com musical então é linha direta com Morfeu!

durante a semana o noticiário só falou do Oscar e o povo estava enlouquecido fazendo mil apostas, teve até bolão, of course, onde o Mario trabalha. eles levam a premiação super a sério, vai fazer piada com isso que eles já fecham a cara, ô gente sem humor! e eu adoro as perguntas do red carpet, que aliás é o sonho de consumo de qualquer americano, eles venderiam a alma pra estar ali cegando com mil flashes e respondendo as mesmas perguntas idiotas de sempre. mas não é o que todo mundo fez pra estar ali, vender a alma? Hollywood é a filial glamour from Hell. viram que até a Diablo-ex-stripper-Cody ganhou, né? mas eu adorei o roteiro dela, "Juno", com soluções bem anti-sistema que é do que o nosso mundinho hipócrita precisa. e falaram mal do vestido de onça da Diablo, eu não concordo, alguém era páreo pra mulher do Daniel Day-Lewis? D-U-V-I-D-O!!!

mas as perguntas... "de quem é o seu vestido?" "como vai o casamento com o seu ÚLTIMO marido?" (tem que avisar que é o último pra não dar problema) "e a sua A-T-U-A-L namorada, como vai?" (sempre rola uma confusão de nomes, é hilário!). daí que o Casey Affleck gritou o nome da mulher e a puxou pelo braço e falou pra jornalista: "esta é a Summer", mas a Summer nem olhou pra câmera e virou a cara, meio que fechou o tempo, HAHAHAHAHAHA! e o Casey ficou lá, com a mesma cara de bobo do personagem dele em "Jesse James". aliás, Summer Phoenix é irmã de Joaquin e do falecido e ótimo River. falando nisso, achei correto o pot-pourri dos falecidos do último ano, nenhuma comiseração, só a vinheta-homenagem que finalizou com Heath Ledger. o que não foi correto foi aquele momento Bagdá com os soldados americanos apresentando, JUSTAMENTE, o prêmio de melhor documentário!

também adorei que só europeus levaram os prêmios de interpretação (Daniel Day-Lewis, Javier Barden, Tilda Swinton e Marion Cotillard, irreconhecível no papel de Edith Piaf), e que Nando Reis e Visconde de Sabugosa (a.k.a. Ethan e Joel Coen) subiram várias vezes ao palco e ainda levaram melhor filme. quando não tinha mais quem agradecer e Joel contou que ele e o irmão começaram a fazer filmes com 11 anos foi sublime, da série "acreditar nos seus sonhos vale a pena!". aliás, frase bastante repetida nesta 80ª edição. no fim a gente vive torcendo o nariz pro Oscar, mas quem ganha enlouquece, então deve ser muito bom vender a alma!

Thursday

why Bert? why?



















foi falta de imaginação ou, como dizem sarcasticamente os franceses, Bert Stern entrou na fase de "açucarar os morangos" ("sucrer les fraises")? definitivamente não entendi o motivo de refazer a celebrada sessão de fotos de Marilyn Monroe com Lindsay Lohan. apesar de bonitinha e peituda, Lilo não tem o mesmo glamour, brilho e sensualidade de Marilyn que arrasou neste ensaio em que deixou fotografar até a sua cicatriz, coisa proibida pelo estúdio. enfim, conhecem aquele ditado: "pra quem gosta, bacalhau basta" ? eu acho isso.

happy Valentine's Day!

tá uma histeria coletiva nos States, é Valentine's Day! tudo segue sem novidades: enquanto Snoopy tem a sua caixinha de correio atolada de cartinhas apaixonadas, Charlie Brown mais uma vez foi esquecido pela garotinha ruiva, c'est la vie!

comecemos pelo início de tudo: na Roma antiga, em todo dia 15 de fevereiro, era celebrado o Faunus Lupercus, dia da fecundidade, dos pastores e dos rebanhos. este ritual de purificação, organizado no final do calendário romano (pra eles o ano começava em 1º de março), tinha 3 etapas: primeiro os sacerdotes sacrificavam um bode dentro da gruta de Lupercal, aos pés do Monte Palatino, onde a loba teria amamentado Rômulo e Remo. então eles cobriam com o sangue deste sacrifício o corpo dos jovens de famílias nobres num cerimonial que simbolizava a purificação dos pastores. depois era dada a largada para a corrida dos "luperques", em que os sacerdotes e os jovens cobertos com a pele de bichos corriam pelas ruas da cidade encostando os pedaços da carne dos animais sacrificados nos passantes. as mulheres, em particular, se matavam para conseguir um lugar no meio do trajeto e serem tocadas pela carne, na esperança de ter uma gravidez tranquila e um parto sem dor (ah tá!). a parte picante vinha depois disso: as celebrações terminavam com um grande banquete, em que os homens tiravam a sorte para saber com quem eles passariam a noite transando até não aguentar mais. o que começava como "putaria" geralmente pulava pra namoro e até terminava em casamento. os romanos pagãos não eram nem um pouco obrigados!

no entanto, claaaaaaaro, a Igreja não achava isso bom, libertinagem só podia na sacristia e desde que ninguém ficasse sabendo, hehe. então, no fim do século V, o papa Gelasio enviou a "carta contra os Lupercales" ao senador Andrômaco, que sempre que a agenda permitia dava um pulinho na já tradicional festança. na carta, o papa criticava o comportamento imoral das pessoas que participavam da festa, ridicularizava as superstições dos pagãos que honravam os demônios para afastar a má sorte e enfatizava que a festa não tinha impedido as epidemias de 20 anos antes. papo vai, papo vem, no final não rolou proibição nenhuma, mas o macaco velho Gelasio e seus assessores simplesmente inventaram uma festa de arromba para o dia de São Valentim, em 14 de fevereiro, com celebrities e shows internacionais para diminuir o brilho da Faunus Lupercus, que sem paparazzis e cobertura da imprensa foi perdendo força.

o primeiro São Valentim citado na lista dos santos mártires com a data de 14 de fevereiro era um padre romano do século III. viveu sob o reinado de Claudio II, o Gótico, imperador pagão que durante o seu curto reinado (268-270) promoveu sangrentas campanhas militares. para conseguir muitos e muitos homens para o seu exército ele teve uma idéia incrível: proibiu o casamento! a lei não caiu no gosto popular e os jovens continuavam casando, escondidos porque era ainda mais gostoso. e quem dava a bênção a estes foras-da-lei? um fiel escudeiro católico: padre Valentim!

rapidamente desmascarado e colocado atrás das grades pela guarda do implacável Gótico, Valentim conheceu na prisão de Morcegóvia a dark e cega Augustina, a.k.a. filha do carcereiro. diz a lenda que Valentim conseguiu devolver a visão à Augustina que a partir deste milagre abandonou as roupas pretas e começou a se dedicar ao padre. então levava comidinhas, lavava a batina, pedia pra exorcizar demônios e coisinhas do gênero, só pra Valentim mostrar mais luz... agradecido pelo carinho de Augustina, que tornara os seus últimos dias mais doces, Valentim lhe envia uma afetuosa mensagem antes de ser goticamente torturado e executado. finaliza a carta assinando com sangue "Teu Valentim".

Tuesday

voilà la crepe made in USA

hoje nevou o dia inteiro, parecia chuva de isopor de tão mirradinhos os flocos, mas no final do dia o tapete de neve era fofo, o pé afundava nas calçadas e a gente sentia o gelo fino no rosto. antes disso só tinha nevado no final de dezembro, é o inverno mais estranho das últimas décadas, nunca nevou tão pouco em Nova York. mas daí que eu resolvi que queria comer crepe e fomos comprar o Crêpe Mix da Willians-Sonoma que é do lado de casa. eu ainda não confio muito na qualidade dos produtos alimentícios americanos, afinal na França se come muitíssimo bem, a qualidade é impecável e aqui não é lá essas coisas, se paga caro por um produto médio, mesmo porque o povo daqui não é interessado, um pacote de cheetos basta! então torci ainda mais o nariz quando li na embalagem que a crepe faria você se sentir em Paris.... a moça da loja também garantiu que o preparado era simplesmente fantástico, mas ela é paga pra isso, né? depois de fazer algumas esculturas de gelo com o pé, voltamos pra casa e eu fui correndo preparar as crepes. e não é que contrariando toda a minha petulância era tudo verdade? pra ser sincera Crêpe Mix é ainda melhor que as crepes de rua parisienses, juro! então a gente botou na TV5 pra fazer de conta que estava em Paris, mas tivemos que nos contentar com um programa do Québec e ficamos sem entender rien daquele francês esdrúxulo, hehe. aliás, quem fala québécois? a Celine Dion e olha lá como ela canta! HAHAHAHAHAHA!