Thursday

happy Valentine's Day!

tá uma histeria coletiva nos States, é Valentine's Day! tudo segue sem novidades: enquanto Snoopy tem a sua caixinha de correio atolada de cartinhas apaixonadas, Charlie Brown mais uma vez foi esquecido pela garotinha ruiva, c'est la vie!

comecemos pelo início de tudo: na Roma antiga, em todo dia 15 de fevereiro, era celebrado o Faunus Lupercus, dia da fecundidade, dos pastores e dos rebanhos. este ritual de purificação, organizado no final do calendário romano (pra eles o ano começava em 1º de março), tinha 3 etapas: primeiro os sacerdotes sacrificavam um bode dentro da gruta de Lupercal, aos pés do Monte Palatino, onde a loba teria amamentado Rômulo e Remo. então eles cobriam com o sangue deste sacrifício o corpo dos jovens de famílias nobres num cerimonial que simbolizava a purificação dos pastores. depois era dada a largada para a corrida dos "luperques", em que os sacerdotes e os jovens cobertos com a pele de bichos corriam pelas ruas da cidade encostando os pedaços da carne dos animais sacrificados nos passantes. as mulheres, em particular, se matavam para conseguir um lugar no meio do trajeto e serem tocadas pela carne, na esperança de ter uma gravidez tranquila e um parto sem dor (ah tá!). a parte picante vinha depois disso: as celebrações terminavam com um grande banquete, em que os homens tiravam a sorte para saber com quem eles passariam a noite transando até não aguentar mais. o que começava como "putaria" geralmente pulava pra namoro e até terminava em casamento. os romanos pagãos não eram nem um pouco obrigados!

no entanto, claaaaaaaro, a Igreja não achava isso bom, libertinagem só podia na sacristia e desde que ninguém ficasse sabendo, hehe. então, no fim do século V, o papa Gelasio enviou a "carta contra os Lupercales" ao senador Andrômaco, que sempre que a agenda permitia dava um pulinho na já tradicional festança. na carta, o papa criticava o comportamento imoral das pessoas que participavam da festa, ridicularizava as superstições dos pagãos que honravam os demônios para afastar a má sorte e enfatizava que a festa não tinha impedido as epidemias de 20 anos antes. papo vai, papo vem, no final não rolou proibição nenhuma, mas o macaco velho Gelasio e seus assessores simplesmente inventaram uma festa de arromba para o dia de São Valentim, em 14 de fevereiro, com celebrities e shows internacionais para diminuir o brilho da Faunus Lupercus, que sem paparazzis e cobertura da imprensa foi perdendo força.

o primeiro São Valentim citado na lista dos santos mártires com a data de 14 de fevereiro era um padre romano do século III. viveu sob o reinado de Claudio II, o Gótico, imperador pagão que durante o seu curto reinado (268-270) promoveu sangrentas campanhas militares. para conseguir muitos e muitos homens para o seu exército ele teve uma idéia incrível: proibiu o casamento! a lei não caiu no gosto popular e os jovens continuavam casando, escondidos porque era ainda mais gostoso. e quem dava a bênção a estes foras-da-lei? um fiel escudeiro católico: padre Valentim!

rapidamente desmascarado e colocado atrás das grades pela guarda do implacável Gótico, Valentim conheceu na prisão de Morcegóvia a dark e cega Augustina, a.k.a. filha do carcereiro. diz a lenda que Valentim conseguiu devolver a visão à Augustina que a partir deste milagre abandonou as roupas pretas e começou a se dedicar ao padre. então levava comidinhas, lavava a batina, pedia pra exorcizar demônios e coisinhas do gênero, só pra Valentim mostrar mais luz... agradecido pelo carinho de Augustina, que tornara os seus últimos dias mais doces, Valentim lhe envia uma afetuosa mensagem antes de ser goticamente torturado e executado. finaliza a carta assinando com sangue "Teu Valentim".

7 comments:

P. Girardi said...

G-E-N-T-E, passado com essa história! Principalmente com o final trágico, não sei como ainda não virou filme.

E coitadas das romanas, achavam que com um pedaço de pernil esfregado nas fuças ia rolar um parto sem dor. Ha-ha-ha, né?

Lovely69 said...

eu também não me conformo que uma vida de tanto valor histórico não tenha sido filmada ainda, fizeram até do padre Ciço, mas deixaram Valentim de fora, muito triste! daqui a pouco tão rodando Mãe Menininha, vc vai ver!

P. Girardi said...

Mãe Menininha? HAHAHA! O que é (quem é) isso, gente? Aqui do RS só falta fazer da Preta Diaba, ícone... Da miséria para a vida política como vereadora.

Ih, tu já viu aquele Calígula, quase porn? Achei meio vazio o filme, o diretor privilegiou mais cenas de sexo sem contexto do que a história, muito sem graça.

Lovely69 said...

faz assim, vc me fala da Preta Diaba e eu te passo a ficha da Menininha. Calígula eu já vi, quer dizer, dormi no meio da orgia, HAHAHAHAHA!

P. Girardi said...

Ih, Mara, super que eu errei o apelido da falecida - sim, ela não está mais entre nós. Era Nega Diaba, mas enfim, foi dado pelos colegas moradores de rua, onde ela criou seus cinco filhos. Nega Diaba foi "apadrinhada" por um político tipo pai-do-povo aqui de Porto Alegre, com direito a programa na rádio e tudo. Aí sei lá como ele colocou ela dentro do mundo da política, e ela foi parar na Câmara Municipal, sendo conhecida como protetora das áreas suburbanas. Uma linda história que acabou em algum ano desse século, deixando 16 (!!!) netos.
Fim. :D

Vitória Mota said...

Conheçoi toda a história da Nêga Diaba(Tereza Franco, de batismo). Foi traficante, prostituta, valentona, brigona. Dava pau nos policiais que tentavam prendê-la. Aliás, foram os policiais os autores do apelido "Nêga diaba". Acontece que lá pelos idos de 50 e poucos, 60 e poucos, a Tereza Franco era a prostituta bam-bam-bam da cidade. Muitas vezes cobrava do cliente e não cumpria o combinado. se o caro reclamasse, apanhava dela. Sempre que ela provocava confusão, chamavam a polícia e a Nêga dava pau nos tiras. Uma vez, madrugada tranquila na delegacia, toca o telefone. chamavam o policial para conter uma briga na Praça da Matriz, na frente dos 3 Poderes gaúchos. O policial quis saber do que se tratava e lhe disseram que a puta Teresa estava batendo num cara. O policial disse apenas: "Não vou! Esta nêga é uma diaba". aí, pegou o apelido de Nêga Diaba. Anos depois, ela botou uma boate/inferninho e contratou as guengas, a quem carinhosamente batizou de "diaboletes", para seguir a linha Chacretes, silvetes, etc.

meu blog: www.tomemota.blogspot.com

Lovely69 said...

adorei a história! eu acho que Nêga Diaba deveria ser canonizada, aposto que ela fez um monte de milagres, hehe. bisous